Opinião
"Honni soit qui mal y pense"
Por Rubens Amador
Jornalista
Os ingleses, ah, os ingleses com seu conservadorismo jamais visto em um povo culto como o seu. Há alguns séculos, certa jovem rainha britânica, em plena festa da corte, em determinado momento sentiu que uma de suas meias estava despencando. Levada pelo instinto, ergueu seu longo vestido à altura do joelho e ajeitou a liga ante os olhares estupefatos de toda a Corte. Um galhardo nobre inglês ante o gesto que causava espanto na época, alteou a voz e bradou em francês: "Honni soit qui mal y pense!", isto é: "Maldito seja quem pensar mal!" E daí foi criada uma das mais altas e tradicionais comendas da diplomacia inglesa: A Comenda da Jarreteira, que se constitui de uma liga feminina, com a inscrição em letras douradas: Honni soit qui mal y pense.
Na moderna sociedade pessoas há, que são por demais sensíveis ou açodadas em suas interpretações. Que adoram monologar - de preferência - e quando seu interlocutor, levado por tema por elas levantados, responde dentro do contexto, sentem-se atingidas; ou por que se consideram o centro do mundo ou por que costumam se valorizar demais. Não são pessoas comuns, que se permitem o intercâmbio respeitoso de ideias. Geralmente trata-se de criaturas internamente muito limitadas que, com a maior desfaçatez, julgam, ao invés de simplesmente dialogar, até alertando: "Não, você está me interpretando mal, o assunto que abordamos nada tem a ver com sua sugestão ou pensamento." O que falava, em seguida perceberá que realmente roçou em assunto perturbador para o outro, logo muda de tema.
Assim me parece ser um diálogo civilizado. Agora, agir como o avestruz, ou simplesmente ficar ofendido sem civilizadamente explicar por que, creio que seja falta de vivência e experiência de vida. Está faltando algo ante tanta magnificência visível e presumida, mas que ao longo do tempo acaba surpreendendo a quem (pensava-se), que dia-lo-ga-va, em assunto que se existiu é porque foi promovido pelo "ofendido", e não pelo interlocutor que foi chamado ao diálogo! Nessas circunstâncias, não faço por menos, invoco a divisa da Jarreteira: Honni soit qui mal y pense!
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